terça-feira, 27 de junho de 2017

Crítica - Zé do Caixão: Maldito - A Biografia


“O que é a vida? É o início da morte. O que é a morte? É o fim da vida”. Com essas palavras, José Mojica Marins estreia seu personagem Zé do Caixão no cinema. Uma figura folclórica, tratada muitas vezes com desprezo no próprio país, mas que foi, talvez, o maior personagem multimídia do Brasil. Para retratar como essa figura nasceu e explodiu no mundo, os escritores André Barcinski e Ivan Finotti fizeram centenas de entrevistas e recuperações de arquivos de fotos. Pela segunda vez, “Zé do Caixão: Maldito - A Biografia” é lançada no Brasil. Desta vez, com tudo o que a versão de 1998 tinha, mas atualizada e publicada pela editora Darkside. São 666 páginas (sugestivo, não?), com capa dura, de encher os olhos. A edição está muito bonita e caprichada.

O livro parece um tijolo, e a primeira impressão é de que este é um daqueles que demoram dias e mais dias para serem lidos. Mas surpreendentemente, não é assim. O texto dos autores flui muito bem e me peguei diversas vezes caindo na gargalhada com as façanhas do querido Mujica.

Livro é enorme, com capa dura e edição caprichada. Ao lado, o marcador de páginas

A narrativa tem início com a chegada da família Mujica e Marins da Espanha e como os pais deles se conheceram, em São Paulo. Depois, como passaram os perrengues para cuidar dos filhos. Vemos a infância de José Mujica Marins e como ele já era um apaixonado por cinema desde pequeno. De lá, a adolescência dedicada ao trabalho mais do que aos estudos e a formação do caráter do futuro diretor.

Quando chegamos à fase adulta do cineasta, o livro fica ainda mais interessante, pois vemos detalhe por detalhe como um garoto pobre, sem instrução e que nunca fez uma aula de cinema sequer, criou um dos melhores filmes de Terror do mundo. A vida dele é uma montanha russa, e os autores não ocultam os momentos ruins de Mujica, mesmo os mais questionáveis.

Uma das qualidades da biografia é o arquivo de imagens

O ponto alto, na minha opinião, é a trajetória que vai do primeiro filme dirigido até a filmagem de sua obra prima “À Meia Noite Levarei Sua Alma”. André Barcinski e Ivan Finotti nos levam para dentro dos estúdios precários e os arquivos fotográficos ajudam a contar a história. Esse é um ponto bastante alto da edição. Além da excelente narrativa, são muitas fotos, desde retratos da família de Mujica até fotos profissionais, tiradas em estúdios.


Já sou fã do Zé do Caixão, mas o livro decididamente o colocou em um patamar mais alto na minha concepção. Foi uma excelente aquisição e só me arrependo por ter demorado tanto a colocar minhas mãos nesta maravilha. Eu recomendo aos fãs de Terror, já que não apenas em grandes estúdios americanos e europeus são criados clássicos. Temos que valorizar a arte nacional. E, neste caso, estamos falando de um dos maiores personagens do gênero, o folclórico e eterno Zé do Caixão. 

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